EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO

Não é de hoje que se ouve aquela velha conversa. No princípio achavam que era apenas isso, um monte de fofocas, coisa da oposição política, negociatas para desprestigiar um órgão importante como o Departamento Nacional de Trânsito. Porém a coisa se confirmou em Goiás. Alguns instrutores corruptos vendiam Carteira Nacional de Trânsito (CNH). Foi um rebuliço sem precedentes, pois tudo não passava de rumor, até que se flagrou alguém com a boca na botija. Então a coisa virou caso de polícia e o governo teve de adotar medidas drásticas, como a profissionalização dos instrutores de trânsito, que agora são coordenados pela Universidade Estadual de Goiás.
Depois que a UEG entrou no processo de avaliação dos novos condutores, nunca mais se ouviu falar em falcatruas e negociatas escusas; e o sistema seletivo tornou-se rigorosíssimo, quase ao exagero de se equiparar a CNH com um diploma de formação universitária.
Surgiu então uma indagação. Se a UEG se prima tanto pela formação do novo motorista, por qual razão os feriados vitimam tanta gente? E a resposta não pode ser outra: falta educação no trânsito. É a herança maldita daqueles instrutores corruptos, que negociaram CNHs a preço de banana e assim acabaram por comprometer toda uma geração.
O resultado vemos todos os dias no trânsito. Motoristas que ultrapassam pela direita, motoqueiros que mais parecem suicidas, pedestres daltônicos que não diferenciam a cor dos sinais. Nas estradas a coisa é ainda pior, pois se está em altíssima velocidade e um erro pode ser fatal. Isso não intimida o mau motorista, que ultrapassa em faixa contínua, não reduz velocidade com chuva, faz manobras arriscadas, tudo num absoluto desrespeito com a vida e a integridade física.
Há esperança no futuro, quando os novos motoristas, formados por instrutores sérios e competentes, ganharem as ruas e mostrarem pelo exemplo a forma correta de se conduzir um veículo automotor. Até lá, no entanto, teremos de conviver com esses filhos da má administração pública, resultado do descaso e do despreparo das autoridades de trânsito de épocas passadas.
Espero que os nossos filhos encontrem um mundo melhor, com mais solidariedade, mais respeito ao próximo e melhor qualidade de vida. Só então seremos uma sociedade evoluída, transparente e fraterna, e faremos deste mundo um lugar semelhante ao paraíso.

ADRIANO CÉSAR CURADO
28 de dezembro de 2007

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