
O fogo não causou males irreversíveis na parte exterior do templo, pois as grossas paredes de taipa-de-pilão restaram intactas, assim como as torres e as sacristias. Mas o interior não tem nada a ver. A ideia de instalar na Matriz o altar-mor da igreja do Rosário dos Pretos, cá para nós, foi infeliz ao extremo. Os artesãos da época não fabricaram a peça para um templo das dimensões da Matriz e então sobra um espaço sem sentido nas laterais. Eu sou até a favor da reconstrução da igreja dos Pretos... mas isso é lá outra história, para outra postagem.
Quando a Matriz foi reformada na década de 1990, eu era o tesoureiro da Sociedade dos Amigos de Pirenópolis (Soap) e acompanhei a obra bem de perto. Pude ver que todos os altares foram desmontados, catalogados e fotografados. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem esse material em arquivo. Portanto, há condições técnicas para refazer todos os altares destruídos no incêndio, inclusive o altar-mor.
O desastre que parcialmente destruiu a Matriz, na minha opinião, deve ser superado. As relíquias que haviam lá dentro podem ser substituídas e a imagem da tragédia apagada da memória dos pirenopolinos. Fico triste quando entro na sacristia e vejo um “museu do incêndio”, ou transito pelos nichos dos antigos altares e há um buraco na parede. Isso é macabro, não contribui para melhorar a imagem da cidade e ainda por cima dá a sensação de que a Matriz não existe mais, é apenas uma réplica, o que não é verdade.
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