O trânsito de caminhões no Centro Histórico de Pirenópolis é cada vez mais intenso. Apesar da existência de muitas placas de advertência, os motoristas simplesmente ignoram a proibição e continuam a transitar pela cidade.
Em apenas uma semana de janeiro de 2011, e ao sabor do acaso, fotografei todos os flagrantes de desrespeito que estão nesta página e na próxima. Mas isso não é mérito meu, pois é facílimo ver um caminhão em trânsito pelas ruas estreitas, com suas carrocerias que sacolejam nas pedras irregulares do calçamento.
O resultado disso, obviamente, é que o patrimônio histórico é seriamente atingido. As paredes de adobe e pau-a-pique dos casarões não foram construídas para suportar o impacto desses veículos pesados. Basta colocar a mão numa dessas paredes quando passar um caminhão e você bem compreenderá o que falo.
A situação já foi bem pior, é verdade. Pirenópolis é uma cidade que ainda tem como principal fonte arrecadadora a extração de pedras. E nas décadas de 1970, 80 e 90, por questões econômicas, a produção industrializada desse minério foi ainda mais intensa. Então o caminhões carregados subiam a rua do Rosário, geralmente com os peões em riba da carga, como se fosse a coisa mais comum do mundo.
Com o crescimento do turismo na cidade, nos anos 2000 tornou-se imprescindível regulamentar o trânsito de veículos de carga no Centro Histórico. Para a proteção dos turistas e moradores, do patrimônio material e dos eventos em logradouros públicos, proibiu-se o trânsito de caminhões pelas ruas principais da cidade. E para garantir o cumprimento da determinação, estacas foram fincadas com 2,3 metros de largura máxima permitida.
Acontece que logo surgiu um problema. Os caminhões de entrega de mercadoria, principalmente de bebidas, não podiam passar e a todo momento incomodavam um funcionário da Prefeitura Municipal para retirar o toco e depois recolocá-lo no lugar. A solução mais sensata para esse problema seria a criação de pequenos distribuidores de mercadoria, caminhões de pequeno peso ou caminhonetes, que transitariam pelo Centro Histórico sem causar maiores transtornos.
Mas em Pirenópolis nada é fácil de resolver. Então alguém decidiu retirar, em frente à Prefeitura Municipal, as estacas de que limitavam a entrada e saída de veículos pesados, na avenida Joaquim Alves. Era para passar apenas os caminhões de entrega, mas no fim virou festa. Agora qualquer veículo, não importa o tamanho, transita pela cidade com naturalidade, em absoluto desrespeito às placas de sinalização.
E onde não há fiscalização, impera o caos, cada um faz a própria lei e corremos o risco de voltar à barbárie. O Estado precisa assumir seu papel fiscalizador e repressor, para se impor sobre os administrados e assim recalcar as vontades individuais em prol do bem coletivo. Somente dessa forma viveremos numa sociedade melhor, onde o direito de poucos nunca se elevará sobre o bem estar de todos.
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