Cavalhadas na década de 1960
Rei Mouro José de Pina
Foto: Arquivo da Biblioteca Pyraí
A partir da festa de Geraldo de Pina, o turista nacional descobriu Pirenópolis, que por sua vez não se encontrava preparada para acolhê-lo. A cidade vivia um dilema: se por um lado ainda sentia nostalgia das festas do passado, por outro pesava a cobrança cada vez maior dos novos visitantes. Foi nesse contexto histórico que surgiu, no início da década de 1970, a Goiastur (hoje Agetur), órgãos do governo de Goiás que resolveu interferir diretamente nas Cavalhadas de Pirenópolis.
Com a concepção de que as vestimentas dos cavaleiros nada tinham com as cruzadas, principalmente os cristãos, que trajavam fardamento da polícia militar, o governador Irapuã Costa Júnior financiou toda a indumentária "apropriada". Com base num livro sobre roupas antigas, reinventaram todo o traje dos cavaleiros. Então encomendaram as roupas às costureiras locais, que foram pagas com a verba estadual. O Estado ainda doou bota, espora, arreio, rédeas etc. Quem correu naquela época, lucrou bastante.
Essas medidas da Goiastur causaram, à primeira vista, certa estranheza na população local, tão acostumada com o tradicionalismo e a imutabilidade de suas tradições. Alguns consideram que tais mudanças foram divisores de águas na fronteira entre as festas do passado, que eram unicamente dos pirenopolinos, com as modernas, feitas para deleite dos visitantes e incrementação cada vez maior da indústria do turismo.
Atualmente impera a padronização dos uniformes e o luxo exagerado de alguns cavaleiros, que exorbitam em ostentação, como a compra do melhor veludo, pedrarias caríssimas e cavalos de raça. Não sai por menos de 10 mil reais a confecção de uma roupa de cavaleiro em Pirenópolis na atualidade. E se for rei ou imperador, então, esse valor praticamente dobra. Diferente dos antigos cavaleiros, hoje ninguém mais corre se não montar um puro sangue criado em cocheira, o que se converteu num critério de seleção onde os pobres ficam excluídos.
Bibliografia:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o santo e a senhora. Rio de Janeiro: Funarte, 1978.
CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, coletânea 1727-2000, história, turismo e curiosidade. Goiânia: Kelps, 2000.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis, uma cidade para o turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
FERREIRA COSTA, Lena Castelo Branco. Arraial e coronel. São Paulo: Cultrix, 1970.
JAYME, Jarbas. Esboço histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: Imprensa da UFG, 1971.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (humorismo e folclore), 1983.
SILVA, Mônica Martins da. A festa do Divino – romanização, patrimônio e tradições em Pirenópolis (1890-1988).
by Adriano César Curado
Com a concepção de que as vestimentas dos cavaleiros nada tinham com as cruzadas, principalmente os cristãos, que trajavam fardamento da polícia militar, o governador Irapuã Costa Júnior financiou toda a indumentária "apropriada". Com base num livro sobre roupas antigas, reinventaram todo o traje dos cavaleiros. Então encomendaram as roupas às costureiras locais, que foram pagas com a verba estadual. O Estado ainda doou bota, espora, arreio, rédeas etc. Quem correu naquela época, lucrou bastante.
Essas medidas da Goiastur causaram, à primeira vista, certa estranheza na população local, tão acostumada com o tradicionalismo e a imutabilidade de suas tradições. Alguns consideram que tais mudanças foram divisores de águas na fronteira entre as festas do passado, que eram unicamente dos pirenopolinos, com as modernas, feitas para deleite dos visitantes e incrementação cada vez maior da indústria do turismo.
Atualmente impera a padronização dos uniformes e o luxo exagerado de alguns cavaleiros, que exorbitam em ostentação, como a compra do melhor veludo, pedrarias caríssimas e cavalos de raça. Não sai por menos de 10 mil reais a confecção de uma roupa de cavaleiro em Pirenópolis na atualidade. E se for rei ou imperador, então, esse valor praticamente dobra. Diferente dos antigos cavaleiros, hoje ninguém mais corre se não montar um puro sangue criado em cocheira, o que se converteu num critério de seleção onde os pobres ficam excluídos.
Bibliografia:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o santo e a senhora. Rio de Janeiro: Funarte, 1978.
CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, coletânea 1727-2000, história, turismo e curiosidade. Goiânia: Kelps, 2000.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis, uma cidade para o turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
FERREIRA COSTA, Lena Castelo Branco. Arraial e coronel. São Paulo: Cultrix, 1970.
JAYME, Jarbas. Esboço histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: Imprensa da UFG, 1971.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (humorismo e folclore), 1983.
SILVA, Mônica Martins da. A festa do Divino – romanização, patrimônio e tradições em Pirenópolis (1890-1988).
by Adriano César Curado
Um comentário:
Realmente, antes os cavaleiros eram distinguidos pelo talento, pela montaria e pela desenvoltura. Hoje, os enfeites acabam competindo com tais qualidades, mas se as cavalhadas pirenopolinas conseguiram o prestígio que têm, com certeza, foi pela beleza, diferencial de outras cidades que se mantêm com estilos de vestimentas menos pomposos. O ideal é que conseguissem unir a beleza atual com a destreza dos cavaleiros de outrora.
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