Enquanto correr o Almas

Que maravilha é parar no meio da ponte do Carmo e observar o imenso vale que se descortina à nossa frente, com a alvíssima Matriz bem no alto da ladeira, e as copas avantajadas das mangueiras dos quintais ao sabor da ventania. É bom também soltar a imaginação e recriar na mente a epopéia dos bandeirantes que remexiam o leito do rio à cata de ouro, as bateias manuseadas por escravos em movimentos frenéticos e giratórios. Depois veio aquela estagnação secular, onde Pirenópolis, que por muito tempo se chamou Meia Ponte, isolou-se do mundo e voltou-se para o aperfeiçoamento duma sociedade regada a saraus incontáveis, peças teatrais majestosas, e outras manifestações artísticas de igual importância. No século 20, a cidade se modernizou, e com o progresso vieram problemas inúmeros e desafiadores, alguns capazes de abalar as fundações dos velhos casarões. Agora estamos no princípio do século 21, época de globalizações, de realidades virtuais, de recursos cada vez mais escassos, e ganha a pequena cidade uma nova leva de turistas e de moradores, com peculiaridades que são a cara desses novos tempos. Aonde irá Pirenópolis? Não sei responder. Mas enquanto correr o rio das Almas, a história dessa povoação continuará a ser escrita ao sopé dos Montes Pireneus.

by Adriano César Curado

Um comentário:

Anônimo disse...

Que esse rio tão maravilhoso, de onde brota a vida e correm os sonhos jamais seque, que corre para sempre em sua caminhada eterno rumo ao oceano desconhecido.

Karina Marcolino Beltrann

kamarbel@hotmail.com