Pirenópolis

Passei o Natal e o Réveillon em Pirenópolis. Embora a chuva não desse tréguas, sempre que abria o sol os turistas corriam para as lojinhas, compravam biquines e se dirigiam para as cachoeiras. À noite, como não dá para ficar ao relento na Rua do Lazer, os bares com música ao vivo lotavam e surgiam até fila de espera. Essa é a realidade do turismo em Goiás, segmento que não conhece crise econômica e que incentiva a preservação ambiental e do patrimônio histórico.

No entanto, nem tudo são flores. Fico triste ao notar que algumas pessoas ainda insistem em incomodar o sossego alheio. São carros equipados com som automotivo ligado sem limites e em plena madrugada, despreocupados com os que dormem ou mesmo com enfermos, recém-nascidos e idosos.

Houve época em que era pior, chegavam caminhonetes com carrocerias modificadas e recheadas de amplificadores potentíssimos, equipamentos que emitiam vibrações tão absurdas que chegaram a rachar os casarões centenários. Atualmente, embora não seja mais como antes, pois não se vê mais carros em campeonatos de ensurdecedores decibéis, alguns saudosistas renitentes ainda persistem.

E olha que, agora, a Polícia Militar tem atuado com eficiência e rigor, sempre no intuito de fazer cumprir o Código de Trânsito brasileiro, que proíbe essa prática abusiva. É só ligar no 190 e logo uma viatura encosta, conversa com o proprietário do carro, tenta amigavelmente conscientizar sobre o necessidade de se respeitar a comunidade. Para a maioria dos motoristas, essa abordagem é suficiente e logo o silêncio é restituído; para uns poucos, no entanto, não há argumento que impeça o aumento repentino do volume, logo que os policiais se afastam.

Os incomodados, então, aguardam um pouco e caso o silêncio não retorne, ligam outra vez na emergência e registram nova reclamação. Dessa vez os policiais voltam com outro tom, já descem da viatura munidos de blocos de multa e não há argumento que os convença do contrário; depois avisam que, se outro protesto houver, retornarão para apreender o veículo e conduzir o recalcitrante à Delegacia de Polícia local para a lavratura de termo circunstanciado de ocorrência pela prática da contravenção penal perturbação do sossego alheio.

Deixando de lado esses dissabores, a cidade passou bem pelas festividades de virada de ano, com corais de crianças, apresentações musicais sortidas, hotéis e pousadas lotados, além das atrações nos bares e restaurantes. A Prefeitura Municipal não iluminou as ruas, não recolheu o lixo acumulado nas calçadas ou sequer podou as praças públicas, mas esse abandono por parte da administração pública não é suficiente para embaçar as festas da velha cidade ou desanimar sua população.

Eu acredito que há esperança de que Pirenópolis tenha um futuro promissor, voltado para a preservação ambiental e do patrimônio histórico; e que os novos governantes tomem medidas eficientes para atrair cada vez mais turistas de qualidade.

by Adriano César Curado

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, finalmente achei vcs!!!
Bom, não preciso dizer o quanto concordo com cada palavra de vcs, afinal, também amo minha terra e vejo que precisa de alguns ajustes. No mais, acho Piri muito aconchegante e, independente dos pontos negativos aqui citados, nela (em Pirenópolis), sempre estarei em casa.