A literatura em Goiás não caminha lá muito bem. Isso se deve a muitos fatores, mas dentre eles não está ausência de talento e nem de inspiração. Pelo contrário, nossos escritores são bem férteis no quesito imaginação e passam longe dos “lugares comuns”. O que falta mesmo é um apoio popular à arte literária lavrada na imensidão destes planaltos.
Valoriza-se bastante o que vem de fora, em detrimento da arte regionalista. Basta um exemplo atualíssimo, que são as comemorações perpétuas de Machado de Assis. Esse monumento nacional, totalmente merecedor de todas os confetes que lhe atiram, é motivo para exageros e até uma certa falta de criatividade. Exagero porque nunca vi tanta discussão em torno de um escritor só, e tome palestras, seminários, biografias, discussões sem fim. E é aí que entra a falta de criatividade, pois é mais fácil bater no socado que se aventurar por novos horizontes.
Goiás também tem bons escritores que merecem uma análise microscópica da sua obra, dentre eles Bernardo Élis, Carmo Bernardes e Gilberto Mendonça Teles. Mas isso não acontece porque o que vem de fora é mais bonito e valorizado. Grande engano. Conheço muitos escritos ruins que têm o nome gritado aos quatro ventos, numa campanha espetacular de marqueteiros.
Dois outros grande problemas da literatura goiana ajudam a afundar o setor. O primeiro é a famigerada “panelinha”, ou seja, protecionismo e favoritismo que sempre existe nos meios artísticos e que acaba favorecendo um grupo minúsculo em detrimento de um todo bem maior. O segundo é a desunião da própria classe que, por se tratar de intelectuais, deveria ser mais compreensiva e integrada em prol dum objetivo comum.
Que nada! É cada um por si.
Algumas luzes, no entanto, surgem no horizonte das letras do cerrado. Uma delas vem da Prefeitura Municipal de Goiânia, através da Secretaria de Cultura, que já promoveu dois espetaculares laçamentos literários de dezenas de títulos.
Embora passe por momentos críticos, a literatura goiana sobrevive, pois tem no tempero do caldo cultural um ingrediente que política alguma consegue destruir – o talento!
by Adriano César Curado
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