Todo e qualquer tipo de preconceito deve ser combatido, seja ele de credo, sexo, raça, religião e, por que não?, cultural. Sim, o preconceito cultural existe e se entrelaça na mente dos brasileiros. Logo o brasileiro, povo de tantas miscigenações.
Outro dia eu ouvia o novo CD de Paulinho da Viola, onde ele faz uma interpretação magistral de “Nervos de Aço”, do Lupicínio Rodrigues. Uma senhora humilde parou perto de mim e começou a cantar aquela canção difícil. Fiquei surpreso que uma pessoa sem estudos e de pouca cultura conhecesse Lupicínio, porém ela me disse que aprendera a música com o Leonardo. Ou seja, cantor sertanejo frustrado, sem nenhum recurso vocal, mas com a facilidade de atingir o povão. Contra ele não haveria também preconceito cultural? Se não fosse o cantor Leonardo, essa senhora, provavelmente, jamais conheceria a beleza de “Nervos de Aço”.
Recentemente, notei esse preconceito cultural grudado em mim depois de ler o suplemento literário do jornal goiano O POPULAR, que trazia um resumo dos livros indicados para o vestibular da UFG/2007. Na discussão dum livro da poeta Natalina Fernandes, em vez de observar os méritos da obra e interpretação de texto aos alunos que não leram o original, o suplemento se limitou a atacar a autora com afirmações indigestas, palavras pesadas e desnecessárias, que não vale a pena reproduzir aqui.
Ao ler aquilo, lembrei-me de minha implicância com Cora Coralina. Sim, eu achava os poemas de Cora muito simples e sem conteúdo. Depois da leitura do texto preconceituoso de O POPULAR, percebi que estava equivocado. Tanto Cora Coralina quanto Natalina Fernandes têm seus méritos e devem ser lembradas por eles. São poemas simples mas com grande conteúdo, pois nos mostra o verdadeiro Goiás, composto de gente de origem humilde e cujos ancestrais um dia correram descalços por algum beco sem calçamento das velhas cidades do ouro. Foi certamente essa simplicidade, o jeito natural de passar mensagens complexas, a maravilha de atingir as classes menos privilegiadas, que Carlos Drummond de Andrade viu em Cora Coralina – e a jornalista do suplemento literário de O POPULAR não conseguiu vislumbrar.
O mundo de hoje corre atrás do tempo cada vez mais curto. Amanhá já é Natal, depois Carnaval, enfim, não há tempo para quase nada. O sujeito trabalha o dia todo, chega em casa e encontra a família estressado pelo trânsito, pelo excesso de atividades, pelo dinheiro escasso etc. Qual a chance dessa pessoa ler um complicado texto de Guimarães Rosa? Nenhuma. Mas se um jornal vende livros de Paulo Coelho a preço de custo, estímulo aos que não querem pensar muito e fogem das repetitivas novelas da televisão, então nasce um ânimo para conhecer o mais novo imortal da ABL.
Paulo Coelho e Leonardo sofrem preconceito cultural pelos que “se acham” mais cultos que os demais. Porém esses artistas, cada um em sua área, são campeões em venda de livros e discos, sinal de que atingem a massa. Em Goiás, Cora Coralina e Natalina Fernandes não vendem tanto assim, pois seu público é mais restrito, porém elas possuem a magia que encanta o povo. Tal qual os dois primeiros, nossas poetas se sobressaem pela simplicidade e pureza das composições literárias, iguarias apreciadíssimas pelo povo.
Somos todos minúsculas peças que, girando em harmonia e na função correta, fazem trabalhar a máquina da evolução humana. Cada um de nós tem uma missão a cumprir. E cada qual a cumpre dentro de sua capacidade e formação. Não há no mundo duas pessoas iguais e nem duas mentes que pensam em mesma sintonia. Então é incorreto querer que tudo ocorra como queremos e no momento que desejamos. Essa diversidade é que faz a maravilha do ser humano, é que cria oportunidades para que todos se manifestem e se façam ouvir. Querer igualar os desiguais é satisfazer a vontade dos tantos ditadores de plantão que um dia ascenderam ao poder.
Outro dia eu ouvia o novo CD de Paulinho da Viola, onde ele faz uma interpretação magistral de “Nervos de Aço”, do Lupicínio Rodrigues. Uma senhora humilde parou perto de mim e começou a cantar aquela canção difícil. Fiquei surpreso que uma pessoa sem estudos e de pouca cultura conhecesse Lupicínio, porém ela me disse que aprendera a música com o Leonardo. Ou seja, cantor sertanejo frustrado, sem nenhum recurso vocal, mas com a facilidade de atingir o povão. Contra ele não haveria também preconceito cultural? Se não fosse o cantor Leonardo, essa senhora, provavelmente, jamais conheceria a beleza de “Nervos de Aço”.
Recentemente, notei esse preconceito cultural grudado em mim depois de ler o suplemento literário do jornal goiano O POPULAR, que trazia um resumo dos livros indicados para o vestibular da UFG/2007. Na discussão dum livro da poeta Natalina Fernandes, em vez de observar os méritos da obra e interpretação de texto aos alunos que não leram o original, o suplemento se limitou a atacar a autora com afirmações indigestas, palavras pesadas e desnecessárias, que não vale a pena reproduzir aqui.
Ao ler aquilo, lembrei-me de minha implicância com Cora Coralina. Sim, eu achava os poemas de Cora muito simples e sem conteúdo. Depois da leitura do texto preconceituoso de O POPULAR, percebi que estava equivocado. Tanto Cora Coralina quanto Natalina Fernandes têm seus méritos e devem ser lembradas por eles. São poemas simples mas com grande conteúdo, pois nos mostra o verdadeiro Goiás, composto de gente de origem humilde e cujos ancestrais um dia correram descalços por algum beco sem calçamento das velhas cidades do ouro. Foi certamente essa simplicidade, o jeito natural de passar mensagens complexas, a maravilha de atingir as classes menos privilegiadas, que Carlos Drummond de Andrade viu em Cora Coralina – e a jornalista do suplemento literário de O POPULAR não conseguiu vislumbrar.
O mundo de hoje corre atrás do tempo cada vez mais curto. Amanhá já é Natal, depois Carnaval, enfim, não há tempo para quase nada. O sujeito trabalha o dia todo, chega em casa e encontra a família estressado pelo trânsito, pelo excesso de atividades, pelo dinheiro escasso etc. Qual a chance dessa pessoa ler um complicado texto de Guimarães Rosa? Nenhuma. Mas se um jornal vende livros de Paulo Coelho a preço de custo, estímulo aos que não querem pensar muito e fogem das repetitivas novelas da televisão, então nasce um ânimo para conhecer o mais novo imortal da ABL.
Paulo Coelho e Leonardo sofrem preconceito cultural pelos que “se acham” mais cultos que os demais. Porém esses artistas, cada um em sua área, são campeões em venda de livros e discos, sinal de que atingem a massa. Em Goiás, Cora Coralina e Natalina Fernandes não vendem tanto assim, pois seu público é mais restrito, porém elas possuem a magia que encanta o povo. Tal qual os dois primeiros, nossas poetas se sobressaem pela simplicidade e pureza das composições literárias, iguarias apreciadíssimas pelo povo.
Somos todos minúsculas peças que, girando em harmonia e na função correta, fazem trabalhar a máquina da evolução humana. Cada um de nós tem uma missão a cumprir. E cada qual a cumpre dentro de sua capacidade e formação. Não há no mundo duas pessoas iguais e nem duas mentes que pensam em mesma sintonia. Então é incorreto querer que tudo ocorra como queremos e no momento que desejamos. Essa diversidade é que faz a maravilha do ser humano, é que cria oportunidades para que todos se manifestem e se façam ouvir. Querer igualar os desiguais é satisfazer a vontade dos tantos ditadores de plantão que um dia ascenderam ao poder.
Adriano César Curado
21 de novembro de 2007
Um comentário:
Oi Tio, oi Tha, to passando só pra ver mesmo. Tá aprovado o blog. Acho q vou criar um pra mim tmb!
bjo Thatá
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