A Feira Literária de Pirenópolis e o autor goiano


A literatura é uma arte difícil e trabalhosa, que requer boa técnica e disponibilidade de tempo para seu exercício. Depois do livro pronto, vem a dificuldade de publicação e distribuição. A situação fica ainda mais dificultosa quando se está fora do eixo Rio-São Paulo, porque ali estão sediadas as maiores editoras do País.
Fazer literatura em Goiás não é tarefa das mais fáceis. Por aqui há poucos leitores e raríssimas bibliotecas bem equipadas. Sem contar na lentidão dos gestores públicos estaduais para efetivar projetos culturais.
Então, surge a Feira Literária de Pirenópolis (Flipiri). Mas o que era para ser uma festa para a literatura produzida em Goiás, infelizmente não contempla devidamente a prata da casa. A atração maior é o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo. De Goiás, temos o escritor José Mendonça Teles, a quem será prestada justíssima homenagem, e um ou outro convidado, como Bariani Ortêncio.
Só isso. Nenhum outro goiano terá o competente destaque na Flipiri. E quando falo em “destaque”, quero dizer se tornar palestrante convidado, com direito a receber pagamento pelo trabalho produzido, e não simplesmente compor um lançamento coletivo de livro para um dúzia de assistentes. Se Pirenópolis, que é o berço da cultura goiana, não valoriza devidamente o autor goiano, creio que estamos mesmo em maus lençóis.
Com um pouco de boa vontade, poderiam os organizadores da Flipiri distribuir vários escritores de Goiás, por exemplo, entre os alunos das escolas municipais. Ali seriam ministradas palestras sobre temas regionais, sorteados livros, numa troca sadia de conhecimentos. Ganha o escritor, que tem oportunidade de mostrar sua arte e, de quebra, pode incentivar o surgimento de novos leitores. Ganham os alunos porque interagem com alguém que é da sua terra, que fala com o mesmo sotaque, que saboreia comida semelhante.
Mas é para convidar o escritor goiano e pagar bem pelo trabalho prestado. Dinheiro para isso acredito que haja, pois dois patrocinadores de peso darão suporte à Flipiri deste ano, que são o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) e a Petrobras.


Adriano César Curado

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