Um mágico chamado Ney Matogrosso

     Confesso que nunca tinha assistido um show do Ney Matogrosso, cantor performático, de profunda expressividade no palco e que é capaz de hipnotizar multidão sem interagir com ninguém. Foi num festival cultural chamado Canto da Primavera, na histórica cidade de Pirenópolis, interior de Goiás, que conheci aquela figura singular.

     A banda que o antecedeu tocou rock da pesada e a assistência, quase toda de jovens de menos de 20 anos, entrou em êxtase diante da apresentação. De repente, silêncio, cores fortes, orquestra de instrumentos de corda, suavidade e delicadeza. Pensei comigo: isso não vai dar certo. Mas foi um sucesso absoluto.

     Só pode ser obra de um mágico a metamorfose operada sobre aquela juventude. Sem figurino extravagante, ele subiu ao palco trajando terno de cor clara e acompanhado por um quarteto de cordas. Parecia um recital de música clássica, mas é seu novo show Beijo Bandido.

     Escrevo aqui encantado pela apresentação de Ney Matogrosso porque vi nele um resgate da boa música popular brasileira. Ouvir a meninada cantar tangos, boleros, chorinhos, tudo de cor para imitá-lo, foi um achado e tanto. Ele olha dentro dos olhos da plateia, hipnotiza, e solta Tango para Tereza, Cigarro em Cigarro, Fascinação, Doce de Coco, Bicho de 7 Cabeças, e por aí vai.

     Enfim, existe luz no fim do túnel.

Adriano César Curado

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