O tropeiro


Durante os séculos 18, 19 e 20 (primeira metade), o trasporte de mercadorias entre Pirenópolis e outras cidades e Estados era feito pelos tropeiros. Para quem não sabe, tropeiro era um negociante, dono de uma tropa de mulas de carga.

Pirenópolis teve grandes tropeiros, entre eles se destacam o comendador Joaquim Alves de Oliveira e o coronel Chico de Sá. Mas muitas outras famílias pirenopolinas se dedicaram a essa atividade, única forma de abastecer o comércio local com tecidos, sal, ferragens etc. e de exportar nossa produção de algodão, derivados da cana-de-açúcar (rapadura, açúcar mascavo) etc.

A tropa era dividida em lotes, cada lote com 11 bestas e entregue aos cuidados do capataz. Os grandes comerciantes tinham tropas imensas de até 12 lotes, ou seja, 132 mulas treinadas para o duro trabalho. Não havia estradas, nem pontes, e muitos pousos se davam ao relento, sem sequer um rancho de palha como abrigo.

A carga ia acondicionada dentro de uns caixotes de couro cru chamados bruacas. Em cada mula, duas bruacas, uma de cada lado, equilibradas numa cela em forma de X chamada cangalha. O tropeiro servia também de correio, pois levava notícias e recados pelos lugares onde passava. E enfrentavam rios cheios, ataques de bandidos, de feras, de doenças misteriosas. No misticismo lá deles, traziam junto ao peito para proteção um patuá (pequenina bolsa de pano costurada com uma oração dentro), dependurado num cordão.

Pirenópolis, quando ainda se chamava Meia Ponte, era um entrocamento de estradas comerciais e portanto local de trânsito constante de tropas. Isso contribuiu para que a povoação não desaparecesse, como ocorreu com muitos outros arraiais surgidos na corrido do ouro.

O tropeiro, portanto, está intimamente ligado à nossa história e deveria ser mais estudado nas escolas locais.


Adriano César Curado



Fonte:

TEIXEIRA, José A. Folclore Goiano. 3ª ed., São Paulo: Ed. Nacional, 1979.
GOULART, José Alípio. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. RJ: Conquista, 1961.

Foto: 
Imagem: http://cgretalhos.blogspot.com/2010/06/tropeiros-da-borborema-traducao-precisa.html

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