As antigas casas pirenopolinas foram construídas numa época em que não havia, por exemplo, sanitários, ou que para se acessar um cômodo, era preciso transitar por outro. Nos dias atuais, entretanto, as pessoas querem morar em construções altas e arejadas, com mais privacidade e com pelo menos um banheiro social e suítes nos quartos.
Institui-se, então, uma prática triste entre alguns proprietários de imóveis antigos. Depois de comprar um casarão e constatar a inviabilidade de sua reforma para adequá-lo à modernidade, deixam ruir tudo e depois constroem uma casa nova. Isso é muito mais frequente em Pirenópolis do que se imagina. Veja o caso das casas humildes dos negros em volta da Praça do Rosário, ali onde havia a Igreja do Pretos e hoje tem um coreto feio. Elas desaparecem aos poucos da história de Pirenópolis e dão lugar a modernos bangalôs comerciais. Mas disso falarei em outra postagem.
Hoje quero usar como exemplo um imóvel cujo destino acompanho há um bom tempo neste blog e que batizei de “Tapera da Rua Matutina”. Pois é, essa tapera não existe mais. Caía aos poucos há meses, sem que seu proprietário tomasse providência alguma. Primeiro ruíram as paredes de adobe e pau-a-pique, depois os velhos esteios de aroeira, e por fim ficou lá aquele amontoado de entulhos. Até achei que seu dono não tivesse conhecimento da situação, que residisse distante etc. Mas não é bem isso que aconteceu. Recentemente limparam todo o lote e espetaram lá uma placa de “vende-se”.
Quem perde com essa especulação imobiliária é a história de Pirenópolis. Cada casarão que tomba é um pouquinho da cidade que desaparece. Vão ao chão muito mais que adobes e aroeiras, destrói-se o passado dos que ali habitaram, criaram seu filhos, e os filhos dos seus filhos. Uma casa como essa tem pelo menos cem anos e deveria receber o respeito a que tem direito.
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