No que sugeriu a suspensão do processo de licenciamento de Belo Monte, a OEA deu um prazo de 15 dias para que o governo brasileiro adote uma série de medidas em defesa da proteção dos povos indígenas da Bacia do Rio Xingu.
No documento, recomenda a OEA que nenhuma obra seja feita na região até o cumprimento de algumas medidas como a realização de consulta às comunidades indígenas afetadas, o estudo de impacto ambiental e programas de prevenção à disseminação de epidemias e doenças. Isso tudo é resultado de denúncia encaminhada por Ong's como Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Prelazia do Xingu, Conselho Indígena Missionário (Cimi), Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Justiça Global e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (Aida).
Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo e a primeira totalmente brasileira, pois em Itaipu temos sociedade com o Paraguai. Terá capacidade instalada de 11,2 mil megawatts de potência e reservatório com área de 516 quilômetros quadrados. Mas por enquanto tem-se apenas uma licença parcial do Ibama para iniciar o canteiro de obras.
A preocupação da OEA tem certo fundamento, pois querem iniciar a construção da Usina de Belo Monte meio que na tora, sem muita preocupação com o meio ambiente e a população atingida. Isso é bem típico do governo brasileiro, e a comprovação está na quantidade de movimentos intitulados atingidos-por-barragens, que se espalham por aí.
Embora a recomendação da OEA seja uma terrível ingerência nas questões internas brasileiras, algo que o Itamaraty deveria repudiar com mais veemência, o assunto precisa ser analisado sob a ótica do custo benefício. Por volta de 30 mil pessoas serão deslocadas de seu habitat natural (incluindo aí imensa população indígena), para que milhões de brasileiros se beneficiem da energia elétrica ali produzida. Isso é uma verdade inconteste.
Mas o país precisa repensar o contínuo represamento de rios, sob pena de sofrer grande impacto ambiental num futuro próximo. Não só o ser humano nativo nas áreas inundáveis são atingidos pela mudança drástica da chegada da água, mas todo o ambiente no entorno sofrerá alterações com uma força violentíssima. Peixes terão prejudicadas suas migrações de piracema, aves alterarão o curso de suas rotas, animais de grande porte terão suas áreas de alimentação reduzidas etc.
A solução para o Brasil, que parece descer a ladeira em crescimento desenfreado, esquecido da inflação no seu calcanhar, é investir em outras formas de energia (não a nuclear, obviamente!) de menor impacto social e ambiental.
Veja quanto sol clareia nosso imenso território! E que dizer dos ventos incessantes ou o movimento das marés? Mas essas formas de energia são caras e exigem investimentos em tecnologia e logística, então será preciso bastante vontade política para implementá-las. Será que nossos gestores públicos estão dispostos a arriscar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário