Luiz do Louro é um tipo de rua característico de Pirenópolis. Anda pelas ruas com um porrete à serventia de cajado, traja chapéu branco encardido, camisa branca limpíssima, calça com aspecto de nova e chinelos. Sempre sorri para quem passa, às vezes pede uns trocados, outras tenta contar um causo com sua fala enrolada, mas sempre de forma cordial e alegre. Deve andar ali na casa dos setenta anos e mora numa viela perto da rua do Fuzil. Alguns o analisam como alguém com problemas mentais, outros acham que seu retardo é leve mas existe, eu penso que ele é perfeitamente normal e usa de estratagemas para pedir as coisas e sobreviver pelas ruas da cidade.
Mas Luiz do Louro se transforma quando chega a Festa do Divino. Se você notar com atenção, verá que é ele o responsável pelos fogos nas procissões, novenas e reuniões na casa do Imperador. Ele também cuida dos perigosos tiros de ronqueira, que exige atenção e perícia.
Eu me encanto com ele justamente por essa personalidade híbrida, que vai de pedinte de rua a comandante dos fogueteiros da cidade. Passada a festa, porém, lá vai Luiz se oferecer para capinar uma calçada ou contar uma história inventada. Pirenópolis é também a cultura das gentes humildes que sequer é notada, muito menos valorizada.
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