Eu espero que a cidade de Pirenópolis cresça sempre mas preserve, melhore sem modificar sua essência, amplie-se com responsabilidade e planejamento. Sei que não podemos estagnar no tempo, voltar aos primórdios, quando tínhamos poucas ruas no centro e alguns casebres na periferia. A população pirenopolina aumentou bastante nos últimos anos, deu um salto quantitativo e obrigou a cidade a se estender por lugares antes inabitáveis. Esse aumento populacional se deve, obviamente, ao sucesso do empreendimento turístico. A cidade se torna mais visitada porque aparece em novelas, filmes, documentários, é cantada em música ou descrita em livros. Não é raro ver ônibus de excursões no meio da semana, realidade bem diferente de outras décadas, quando apenas as festas atraíam turistas para cá. Agora tem público todo dia.
Pirenópolis precisa se organizar melhor para receber esses visitantes e ao mesmo tempo manter sua qualidade de vida e preservar sua história e natureza. Não é bom que se construa nos morros que circundam a cidade, pois isso quebra a harmonia do conjunto – faz bem para o pirenopolino olhar, por exemplo, para a região do Frota ou do Santa Bárbara e interagir com o verde onipotente da natureza. Também não se deve edificar nas margens do Almas e córregos que cortam a zona urbana, já que exemplos da resposta da natureza estão todos os dias no noticiário mundial.
Cadê o Plano Diretor? Porque não o publicam e distribuem gratuitamente? Temos que conhecer nossos limites e caminhar com organização e responsabilidade. Não é em qualquer lugar que se pode construir. Nem se deve desrespeitar as regras do tombamento do nosso conjunto arquitetônico. Por outro lado, os responsáveis por fazer cumprir tais regras precisam sair dos gabinetes e interagir mais com a população, conscientizar, ceder em alguns itens para que todos ganhem no conjunto final.
Tenho cá comigo esperança no futuro de Pirenópolis. Sobrevivemos a tantos revezes, isolados e à própria sorte, que seria irônico desaparecermos nestes tempos modernos. Quando digo desaparecer, obviamente, falo do fim do pirenopolino autêntico, que tem no espírito aquele arrepio esquisito cada vez que ouve a banda Fênix ou o soluçar dos sinos das igrejas. Do contrário, seremos apenas fantoches para turista ver, a exemplo de muitos lugares por este Brasil afora.
Este blog é um espaço de esperança. Cada matéria que aqui publico tem a finalidade de salvar um pedacinho da velha Meia Ponte, de acrescentar em vez de destruir, para que as gerações futuras herdem de nós o ouro reluzente do preciosíssimo tesouro cultural.
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