O REI MOURO

Foto: Arquivo da Biblioteca Pyraí

O REI MOURO
JOSÉ D'ABADIA DE PINA
(Zé Lulu)

José de Pina (Zé Lulu) foi o Rei dos Mouros que ficou na história das Cavalhadas de Pirenópolis. Ele sempre viveu na Fazenda Chumbado, pertencente ao seu pai, e desde pequeno não saía do lombo de mulas e cavalos, o que lhe deu grande intimidade no manuseio desses animais. Quando resolveu participar das Cavalhadas, seu porte elegante sobre as montarias fez com que os pirenopolinos associassem sua imagem ao ator Charlton Heston, que fazia sucesso no cinema americano com personagens como Judah Ben-Hur e o lendário cavaleiro espanhol El Cid.

Vou contar abaixo um esboço de sua biografia como cavaleiro de Cavalhadas. Zé Lulu participou pela primeira vez das Cavalhadas de Pirenópolis em 1940, quando era Imperador de Divino Jácome de Siqueira, na função de soldado ordinário.

Em 1953, quando Agostinho de Pina caiu Imperador do Divino, Lolô era Rei dos Mouros, e devido a algumas desavenças que não convém contar aqui, abandonou o posto. Então Zé Lulu virou Rei dos Mouros e Décio de Carvalho seu Embaixador. Correram juntos em 1953, 1957 e 1958, quando findaram-se as apresentações no Largo da Matriz, que foi destruído posteriormente.

Quando as Cavalhadas voltaram a ser apresentadas, como não havia mais o velho largo, as encenações tiveram de ocorrer num campo de futebol localizado na Rua do Campo. Era o ano de 1966, quando Mauro de Pina caiu Imperador do Divino, e Fiíco da Babilônia passou a ser Embaixador do Mouros, embora Zé Lulu permanecesse Rei.

Zé Lulu apresentou-se pela última vez nas Cavalhadas em 1972, festa de Cloves Afonso de Oliveira. No ano seguinte, festa de José Inácio Gomes da Silva (Inacinho), por causa da doença de seu pai, Luiz d'Abadia de Pina (Lulu de Pina), José não quis mais correr.

Das apresentações de Zé Lulu nas Cavalhadas ficaram suas performances perfeitas sobre os cavalos, principalmente no instante das embaixadas, quando empinava as montarias numa ângulo tão vertical, que parecia que ambos cairiam. Também eram espetaculares as lanças que atirava sobre o arco das argolinhas, passava o cavalo em disparado galope por baixo e a alcançava lá na frente, antes que pudesse tocar no chão.

Zé Lulu morreu em 1983.

Fontes:

A) Livros pesquisados:

CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, história, turismo e curiosidade. Goiânia: Kelps, 2000.

SILVA, Mônica Martins da. A Festa do Divino. Goiânia: Agepel, 2001.

B) Entrevista com:

Maria Jayme de Siqueira Pina (viúva de Zé Lulu)

João José de Oliveira (aos noventa anos de idade)


BY Adriano César Curado