Festa do Divino 7

Solar de Sansa Lopes
local onde os mouros encastelavam
Cavalhadas no largo
Foto: Arquivo da Biblioteca Pyraí

As famosas Cavalhadas de Pirenópolis acontecem exatamente quando findam os festejos religiosos e começam os profanos. No Domingo do Divino ocorre o primeiro dia da encenação das Cavalhadas, com uma batalha campal entre doze cavaleiros cristãos (azuis) contra doze mouros (vermelhos); e depois de várias coreografias, saem os cavaleiros do campo e retornam com um pedido de trégua.

No segundo dia, após novos embates, finalmente os mouros sucumbem e são batizados pelos cristão. Daí até o terceiro e último dia, serão apenas carreiras de confraternização e de brincadeiras, como a troca de rosas e a disputa de argolinhas.

Nos dias atuais, as Cavalhadas são encenadas num lugar especialmente construído para este fim e que ficou conhecido pelo horroroso nome de “cavalhódromo”, localizado num antigo campo de futebol, à entrada da cidade, na rua do Campo.

Até o ano de 1958, no entanto, as Cavalhadas eram encenadas no antigo largo que ficava detrás da Matriz e que hoje está tomado pela praça Central, pela casa paroquial e pelo prédio do correio. Os mouros encastelavam-se no lado nascente, em frente do solar de Sansa Lopes. Tinham eles vestimentas bastante simples, sem muitos brilhos e adereços, à exceção do rei e do embaixador. Já os cristãos, encastelados do lado poente, em frente à casa de José de Pina, trajavam-se de azul, com roupas semelhantes ao fardamento da polícia antiga, com colete e quepe.

Nesta época, as Cavalhadas eram assistidas somente pelos pirenopolinos e uns poucos visitantes, e não aconteciam com regularidade, pois dependiam da autorização e do ânimo do festeiro. Muitos moradores mais antigos de Pirenópolis afirmam que aquelas Cavalhadas foram as melhores, quer pelo romantismo que as caracterizavam, quer pela inocência daqueles anos, quer pela ínfima quantidade de gente que participava dos festejos de Pentecostes.

Bibliografia:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Divino, o santo e a senhora. Rio de Janeiro: Funarte, 1978.
CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, coletânea 1727-2000, história, turismo e curiosidade. Goiânia: Kelps, 2000.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis, uma cidade para o turismo. Goiânia: Oriente, 1980.
FERREIRA COSTA, Lena Castelo Branco. Arraial e coronel. São Paulo: Cultrix, 1970.
JAYME, Jarbas. Esboço histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: Imprensa da UFG, 1971.
JAYME, José Sisenando. Pirenópolis (humorismo e folclore), 1983.
SILVA, Mônica Martins da. A festa do Divino – romanização, patrimônio e tradições em Pirenópolis (1890-1988).


by Adriano César Curado

2 comentários:

Thamyris Fernandes disse...

Nossa, deu até para visualizar as Cavalhadas antigas. O texto está muito bem suprido de caracterização. Parabéns...
Ai, dá até um aperto no estômago ao pensar que a festa está chegando. Pirenopolino de verdade deve se emocionar às vésperas de Pentecostes.

Anônimo disse...

Eu ia para Pirenópolis na companhia do meu saudoso pai e assistia às Cavalhadas com muita alegria. Agora, lendo esses textos no blogue, deu um aperto cá no peito e uma vontade imensa de chorar! Mas não chorei, apenas me alegrei em saber que a memória da velha cidade ainda está viva e as tradições mantidas pelas novas gerações.

Sérgio Viggil Philadelphio

segio_philadelphio@yahoo.com.br